Durante quatro dias, de 29 de agosto a 01 de setembro, vai ocorrer, na Escola de Teatro da UNIRIO, o Seminário A Tradição Grotowskiana como Investigação e Invenção. No centro do Seminário, estão as atividades vinculadas ao Encontro Crítico-Pedagógico-Investigativo: Sala de aula de atuação e tradição Grotowskiana com Alejandro Rodriguez e Tatiana Motta Lima.
O que professoras/es vinculadas/os à tradição grotowskiana, consideram fundamental nos processos de ensino/aprendizagem com atores e atrizes das novas gerações? Quais modos de trabalhar têm experimentado com suas alunas/os? Que artesanias têm investigado? Quais questões, dificuldades e belezas encontram pelo caminho?
Alejandro Rodriguez é argentino, participou por 8 anos do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards e, há 5 anos, é professor de atuação da University of New Mexico (EUA). Tatiana Motta Lima é brasileira, pesquisadora do trabalho de Grotowski e, há 30 anos, é professora de atuação na UNIRIO (Brasil).
Desde o início de 2024, Alejandro e Tatiana se reúnem virtualmente para refletir sobre essas e outras questões relacionadas com suas vivências em sala de aula de atuação nas instituições universitárias onde trabalham. As conversas virtuais se transformaram em um encontro presencial, aberto para toda gente e gratuito, onde as questões serão desenvolvidas em diálogo público, apresentação de um documentário, laboratório e master class.
O seminário A Tradição Grotowskiana como Investigação e Invenção ainda contará com uma mesa de apresentação de pesquisas acadêmicas sobre a obra de Grotowski com Lídia Olinto, Luciano Matricardi, Thiago Sabino, Evelin Reginaldo e Ilda Andrade.
Contamos ainda com uma oficina convidada: “O Espelho e o Vazio - exercícios a partir de um conto de Machado de Assis”, com condução de Cassiano Quilici.
✔️ Inscrições – com seleção, por conta do número reduzido de vagas - necessárias apenas para a master class, o laboratório e a oficina convidada. Inscrevam-se pelo e-mail [email protected] , enviando um pequeno cv e dizendo o porquê de querer fazer a atividade escolhida, até o dia 18/08/24.
O seminário nasce desejante de ser o primeiro passo para criação, dentro das atividades do Seminário Internacional Grotowski, de um grupo de professores de atuação das Américas que se reconheçam como vinculados às tradições grotowskianas, investigando-as e (re)inventando-as em suas salas de aula e laboratórios.
Local – UNIRIO – Centro de Letras e Artes – Escola de Teatro – Av. Pasteur, 436 – fundos, Urca, Rio de Janeiro
Crédito das fotos: Paluchiewicz
Design Gráfico: Alice Cruz / Luciano Matricardi
Quando eu era um jovem ator, fiquei intrigado com a presença de alguns atores que tinha visto. Minha inquietação era simples e verificável. Aqueles atores e atrizes conseguiam me manter olhando para eles sempre que estavam no palco, e isso me fascinou. Por que eles eram tão cativantes para mim, mesmo antes de falarem? O que estavam fazendo? Isso estava relacionado a algo inato? E a pergunta mais importante: como posso conseguir isso? Nesta master class, os participantes irão investigar, através de exercícios simples, o fascinante e intricado processo da presença física atoral.
Alejandro Rodriguez
Alejandro Rodriguez é ator, diretor teatral, cantor e pedagogo. Em 2001, formou-se em atuação na Escola Provincial de Teatro Ambrosio Morante, em Rosário, e depois completou um ano de estudos na licenciatura em Teoria da Arte na Escola Provincial de Teatro e Marionetas nº 5029, na mesma cidade. De 2016 a 2018, Alejandro foi Diretor Artístico do grupo de teatro Casa Talcahuano, em Buenos Aires, onde também trabalhou como ator. Desde 2018, é professor da University of New Mexico, onde leciona atuação, direção teatral, criação coletiva e teatro físico. Alejandro dedicou grande parte de sua vida artística ao trabalho com canções tradicionais e à exploração do potencial humano na profissão de ator. De 2007 a 2015, trabalhou no Workcenter de Jerzy Grotowski e Thomas Richards. Foi um dos principais membros da equipe do Open Program liderada por Mario Biagini. Além de tomar contato com a investigação de Grotowiski nomeada Arte como Veículo, Alejandro mergulhou profundamente no aprendizado e na prática do método de ações físicas desenvolvido por Stanislavski. Alejandro é cantor e compositor da banda musical QUIETO. Recentemente laçou seu projeto solo de música urbana Ale.R. Atualmente está em processo de criação de "Osario", um espetáculo documental-ficcional interdisciplinar, criado coletivamente, sobre tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em Rosário.
O Jogo das 7 possibilidades é um dos campos aonde venho, junto com os/as estudantes, investigando/inventando a noção de contato (a partir de Grotowski), mas também, entre outras, as noções de escuta, atenção flutuante, atenção conjunta, percepção alargada e micropercepção. Nesse laboratório, através desse jogo e de outros exercícios vinculados a essa mesma pesquisa, investigaremos modos de convivência com o espaço interno/externo, com o corpo e o pensamento e, também, com os outros seres, humanos ou não. O que pode ocorrer quando experimentamos um ajustamento contínuo e delicado das ações, uma percepção/liberação dos bloqueios corpóreo-relacionais, uma escuta mais sensível, curiosa, menos colonizada pelos regimes atencionais contemporâneos - voluntaristas, hiperativos e autocentrados? Talvez, possamos perceber nossa imersão em um fluxo rítmico, vibracional, quase sonoro e, de certa maneira, impessoal que, fiéis à linhagem grotowskiana, nomearemos de "fluxo da vida".
Tatiana Motta Lima
Tatiana Motta Lima é professora associada da UNIRIO, no Departamento de Interpretação e no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas. Estudas, há mais de 30 anos, a obra de Grotowski, tendo escrito o livro Palavras Praticadas: o percurso artístico de Jerzy Grotowski, 1959-1964, pela Editora Perspectiva, e trabalhado na organização de Seminários, produção de dossiês e condução de workshops sobre o tema. Participou de publicações e realizou palestras e oficinas junto ao Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards. Mantém um a parceria artística com o ator e pedagogo François Kahn, que colaborou com Grotowski nos anos 70 e 80. É diretora do Hanimais Hestranhos, com o qual desenvolve uma pesquisa prática sobre atuação e subjetividades. Coordena, desde 2020, o Laboratório d'Inutilezas, um coletivo que trabalha, preferencialmente ao ar livre, sobre questões vinculadas à percepção e à coexistência entre seres vivos e não vivos, pesquisando-as como forças de criação cênica. Colabora com Qinti Companhia, tendo dirigido recentemente o espetáculo "Temperos de Frida". Participa dos Grupos de Pesquisa CNPq: CRIA: Artes e Transversalidades (UFMG) e Artes do Movimento (UNIRIO) e é membro do conselho artístico e editorial do CLAPS, Centro Latino Americano de Pesquisa Stanislavski.
Mediação da mesa
Vitor é artista, professor e investigador com Doutorado em Letras - Literatura, Cultura e Contemporaneidade (PUC-RIO). É professor convidado no Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Évora e investigador integrado ao Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde investiga os processos de criação da atriz e do ator com os artistas do estúdio O Canto do Bode.
Como a formação de artistas da cena envolve tanto habilidades artesanais como transformações subjetivas? Como textos específicos podem nos apoiar nesse trabalho? Nessa oficina, conversaremos sobre processos de formação continuada em artes da cena, compartilhando experiências e propondo exercícios, a partir do conto "O Espelho", de Machado de Assis. Sugere-se que os participantes leiam o conto antes do encontro.
Cassiano Quilici é professor livre-docente no Departamento de Artes Cênicas da Unicamp, pós-doutor pela Universidade de Lisboa, pesquisador do Cnpq e autor de livros e artigos na área de artes cênicas. Membro do núcleo de pesquisa CRIA (UFMG) e do Labdrama (UNICAMP). Dramaturgo e atual coordenador do projeto de formação continuada em artes cênicas do Espaço Sergipe.
Pesquisadores
Lidia Olinto
Lidia Olinto atua profissionalmente, desde 2000, na área de Artes Cênicas (Teatro, Dança e Performance). Fez mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da UNICAMP, com estágio de pesquisa no Instituto Grotowski (Wroclaw, Polônia) e pós-doutorado no PPGCEN da UnB. É autora do livro Grotowski, Grotowskianos e o Paradoxo Precisão-Espontaneidade,
Luciano Matricardi
Luciano Matricardi é professor e pesquisador teatral. Leciona no curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e já lecionou na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e na Universidade Federal Fluminense (UFF). É doutor em Artes Cênicas pela UNIRIO. Realizou estágio doutoral sanduíche na Università degli studi di Torino, com pesquisa de campo no Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards e participação no workshop L’esprit du chant com a artista e pesquisadora haitiana Maud Robart (França).
Thiago Miguel Sabino
Thiago Miguel Sabino é ator, pesquisador e professor de Arte na Educação Básica. Mestre em Artes Cênicas pela UNESP, onde também concluiu a pesquisa de doutorado sobre o período do Teatro das Fontes de Grotowski. Dedica-se à pesquisa das relações entre arte e ritual. Atualmente, interessa-se pelas práticas e artes contemplativas.
Evelin Reginaldo
Evelin Reginaldo é atriz, pesquisadora e arte-pedagoga. Está concluindo o doutorado em Artes Cênicas pela UNIRIO, onde pesquisa a trajetória artística de Rena Mirecka, seus laboratórios e exercícios. É graduada em História e mestra em Estudos Contemporâneos das Artes pela UFF. Iniciou seus estudos teatrais na CAL.
Ilda Andrade
Ilda Andrade é atriz, educadora e pesquisadora. Está finalizando o doutorado em Artes Cênicas na Unesp, com uma pesquisa sobre o trabalho de Grotowski e suas reverberações no contexto teatral brasileiro. É docente convidada dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Cênicas da Unesp e membra do Grupo Terreiro de Pesquisas Cênicas - Unesp/CNPQ.
Realização
Em Cia de Samuel Beckett
O momento é de desamparo, precariedade e estranheza. Isso pode ser vivido como uma espécie de derrota, mas também abre a percepção de uma (im) potência outra que faz do esgotamento um lugar de criação de (im) possíveis, de novas maneiras de (com) vivência, de recusa por seguir pelos gastos caminhos já trilhados. Um lugar para novas visões e audições. Para outras ações. Estar em cia de Samuel Beckett é estar em boa companhia para pensar, sonhar, viver e afirmar a precariedade e o desamparo como forças de criação.
Ao pensarmos esse seminário, desejamos um encontro entre artistas e pensadores de diferentes idades, áreas e tribos - teatro, música, artes plásticas, literatura. Desejamos também receber tanto os que já tem intimidade com o trabalho de Beckett como aqueles recém-chegados à obra beckettiana: curiosos, estudantes, artistas e professores. A parceria com o Projeto_ENTRE, que nos acolheu com tanta alegria e abriu as portas do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, foi fundamental para que esses desejos ganhassem uma casa.
Agora é esperar que venham os acontecimentos, os pequenos milagres, aqueles momentos que acontecem – ou não – quase que independentemente de nossa vontade. Preparamos esse evento com afinco e afeto para o “convidado”. Agora, é apostar no melhor.
